Os inimigos da fé - Resenha do Livro “O cristianismo através dos séculos” de Earle E. Cairns, Capítulo 39
Os inimigos da fé
Resenha do Livro “O cristianismo através dos séculos” de Earle E. Cairns, Capítulo 39
Leandro
Monte Alves
Acadêmico de Teologia
Escola teológica Charles Spurgeon
No
capítulo 39 de seu livro “O cristianismo através dos séculos”, Earle E. Cairns
nos apresenta, dentro do contexto histórico do Iluminismo, quatro inimigos da
fé cristã, inimigos esses ainda existentes e atuantes em nossos dias. O citado
autor atuou por mais de trinta e cinco anos como professor de história, hoje,
membro da Academia Americana de História da Igreja, da Associação Americana de
História e da Conferência sobre Fé e História, com sua vasta experiência, nos
mostra os antecedentes históricos e as influencias hodiernas desses “perigosos”
inimigos do cristianismo.
Como
consequência do Racionalismo, do individualismo e do Humanismo da Renascença,
surge primeiramente a Crítica Bíblica, influenciada, sobretudo pela filosofia
idealista alemã, elaborada por Immanuel Kant, segundo o qual, as estruturas do
pensamento se encontram na própria mente, de forma que o homem não possui
condições de conhecer o mundo da Realidade, o mundo das “Noumena”, o mundo como de fato esse é. Segundo Cairns “a crítica
bíblica visa destruir a natureza sobrenatural da bíblia como revelação”
Outro
forte influenciador da Crítica Bíblica foi Friedrich Scheiermacher, para quem o
cristianismo era apenas uma forte apreensão subjetiva de Cristo, o qual
possibilitava ao homem a comunicação com o Absoluto. Excluía-se, assim, a
necessidade de uma revelação histórica e objetiva como critério sine qua non. Para Scheiermacher “a
religião não se baseia na Razão (pura ou prática – de acordo com as divisões
kantianas), mas no Afeto/Gefühl – em alemão”.
O
estudo crítico da bíblia pode ser dividido em duas vertentes: Alta crítica (ou
crítica histórico-literária) e Baixa Crítica (ou crítica textual), aquela busca
reconstruir o ambiente histórico, cultural e literário no qual o texto bíblico
foi originado, enquanto esta tenta determinar, por meio do estudo dos
manuscritos preservados, se o texto que temos é aquele que saiu das mãos do
autor. De Acordo com Cairns, “é a alta crítica que tem destruído a confiança de
muitas pessoas na Revelação divina da bíblia”
Diante
desse constante ataque por parte da crítica bíblica negativa, houve uma divisão
entre os eruditos bíblicos: Aqueles que criam na Revelação e os que a
desacreditam, assim “o efeito causado foi o enfraquecimento do conceito de
Revelação Sobrenatural, assim com o questionamento da relevância dos escritos
sagrados como relevantes à fé”
Outro
inimigo da fé apresentado por Cairns foi o Materialismo, definido como “a
prática de salientar os valores materiais”
Em
terceiro lugar, o autor apresenta o Evolucionismo de Charles Darwin (1809 –
1882). Após análise da vida animal e da situação dos fósseis, Darwin não
conseguia ver outra explicação que não a Evolução Biológica a partir de um
ancestral comum; para ele, a sobrevivência, extinção e a evolução só são
determinadas por uma luta na qual vence o mais adaptável.
O
prejuízo de uma visão como essa na teologia, aparece quando teólogos
posteriores aplicam tais princípios no entendimento bíblico e na interpretação
textual. Deus e a Bíblia são produtos de seu contexto e mudam na medida em que
tudo ao seu redor muda. Na antropologia, o homem é apenas fruto da seleção
natural, excluindo-se a noção de Queda e Depravação Total. Na escatologia, o
pós-milenismo é asseverado, pois todo o Cosmos está em evolução para o melhor.
Por
fim, somos apresentamos ao Comunismo, grande opositor e que “se levanta contra
tudo que se chama Deus”. Essa filosofia
tem seus fundamentos no pensamento Materialista de Karl Marx, para quem a
realidade era apenas Matéria em Movimento. Toda forma de governo ou instituição
é determinada e desenvolvida por um permanente conflito de classes.
Influenciado por Darwin, acreditava que toda a História caminha para “a grande
revolução proletária, uma sociedade sem classes”
Concluímos
fixando um axioma: ao negarmos a autoridade da revelação especial – as sagradas
escrituras, como fizeram os da Crítica Bíblica, não teremos outro destino que
não a total negação de Deus. Quando suprimimos sua verdade revelada, por fim
nos pegaremos afirmando tolices e asneiras que ultrapassam a blasfêmia. "A neo-ortodoxia, o evangelicalismo e as seitas parecem ter surgido para suprir a necessidade de uma mensagem religiosa com autoridade. De alguma forma, tais movimentos são tentativas para preencher o vazio espiritual criado pela bancarrota teológica do liberalismo, com a sua vaga mensagem de paternidade de Deus e da fraternidade humana. O liberalismo ensinou a moralidade, mas negligenciou o dinamismo religioso da Cruz, a única coisa que pode energizar uma vida que tenta se conformar à ética Cristã".
Obras Citadas
Cairns, E.
E. (2019). O Cristianismo através dos séculos. Uma história da igreja
cristã. São Paulo: Vida Nova.
Gonzáles, J. L. (2018). História ilustrada do
Cristianismo. São Paulo: Vida Nova.
McGrath, A. E. (2005). Teologia Sistemática,
Histórica e Filosófica: Uma introdução a teologia cristã. São Paulo:
SHEDD.
Esse Sim Sabe.. ótimo artigo ❤
ResponderExcluirSábias palavras 👏🏻👏🏻
ResponderExcluirMuito bom!
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